quinta-feira, 20 de junho de 2013

Conversa com meu pai

Nesta semana estive com meu e lhe perguntei: 

- E aí, sentiu saudades do seu tempo de líder estudantil?

Ele me respondeu, rindo:

- É... Mas no meu tempo, não fazíamos vandalismo.

Então eu disse:

- Mas é uma minoria... Talvez manipulada ou má intencionada. Que deve ser reprimida pelas forças policiais.

Daí ele concluiu:

- Se fosse um dos líderes da manifestação, ao primeiro sinal de vandalismo, afastaria todos e deixava espaço para polícia agir.

E eis que vem a sugestão pelas redes sociais para repetirmos nossos hermanos argentinos que, ao primeiro sinal de vandalismo, sentavam-se, facilitando a identificação dos meliantes.

Proponho então, que além disto, nos sentemos em frente as casas do executivo e do legislativo em ato de expor aqueles meliantes mais perversos deste país.

terça-feira, 18 de junho de 2013

#APatriadeChuteiras

fonte: Ministério do Esporte

Escrito deste modo, o título parece atual, mas não é. Remete ao período da ditadura quando o futebol fora utilizado como ópio para alienar a população.

Hoje, após uma bem organizada convocação popular pelas redes sociais, o Ministério do Esporte, cujo ocupante da cadeira é filiado ao Partido Comunista do Brasil e foi líder estudantil como presidente da UNE no período histórico citado anteriormente, utiliza a mesma frase através da hashtag #APatriadeChuteiras reiterando uma campanha de união pela hashtag #JuntosBrasil, o que acaba por ser lamentável.

E ainda tem mais, o ministro afirma (leia a matéria) que o governo não irá tolerar que os protestos atrapalhem ou impeçam a realização dos jogos da Copa das Confederações 2013.

Atos violentos que depedram patrimônio público ou agridam indivíduos devem ser repudiados, mas manifestações populares pacíficas, independente de quais sejam seus motivos, não. Faz parte da democracia.


Havia uma certa impáfia de nossos políticos até então.

Tanto que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, veste uma camisa, aparentemente da seleção nacional de volei com a marca do Banco do Brasil estampada.

Uma vez que o banco que patrocina o evento é o Itaú, nossa ministra posa serelepe cometendo uma das ações de marketing de emboscada mais fantásticas realizadas até hoje, na tribuna de honra ao lado do presidente da FIFA.

(Marketing de emboscada por associação ou por intrusão é criminalizado pela Lei Geral da Copa em seu Capítulo VII Arts, 32, 33 e 34 com pena de 03 meses a 01 ano de detenção ou multa.)

Achavam-se intocáveis, afinal, os resultados das pesquisas de popularidade sinalizavam altos índices a seu favor.

Não imaginavam ou fingiam não saber que havia uma boa parte de descontentes.

Agora tem a certeza.

Resta saber o que virá a seguir. Repressão. Conciliação. Apropriação.

Quem será o próximo Lindbergh a se beneficiar com tudo?

Melhor mesmo, seria a presença das loiras holandesas barradas na África do Sul só porque vestiam laranja, a frente das passeatas distribuindo suas cervejas, acalmando baderneiros e policiais.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Certo dia...

O mercado era equilibrado e altamente competitivo.

Concorrentes disputavam cada milímetro, cada centavo...

Era extremamente difícil e árduo aumentar sua a participação nele, até que em um dia qualquer, um sujeito que administrava uma organização 'A' teve a brilhante ideia que promoveria uma mudança radical no mercado e a levou ao conselho diretor:

- Vamos contratar os melhores e mais talentosos colaboradores de nossos adversários, oferecendo uma melhor condição de contrato de trabalho. Deste modo tornaremos nossa organização mais competitiva e enfraqueceremos a concorrência, disse.

Tal ideia foi recebida calorosamente pelos membros do conselho e o plano foi posto em prática.

Logo, verificava-se um fluxo de talentosos e brilhantes indivíduos migravam para a organização deixando a concorrência enfraquecida.

A chegada fez com que sua organização saltasse a frente das demais, ganhando uma fatia mais recheada do bolo mercadológico, mas trouxe alguns problemas:

Primeiro - seu grupo de colaboradores se sentia desprestigiado e pouco valorizado frente aqueles que ali se apresentavam e,

Segundo - a folha salarial fora inflada e o resultado líquido obtido pela ideia milaborante não fora tão alto como esperado.

Mas a concorrência não ficaria parada, percebendo o desequilíbrio do mercado tendendo para a organização 'A', trataram de movimentar-se oferecendo condições ainda mais atraentes, tanto a seus antigos colaboradores, quanto aos das demais organizações atuantes.

Uma distorção acabaria por surgir. O foco estava agora não nos bens de consumo ou serviços desenvolvidos e comercializados pelas organizações, mas sim na contratação de talentosos colaboradores, o que elevou o teto salarial destes indivíduos.

Devido a tal circunstância, as organizações passaram a firmar contratos com seus mais talentosos colaboradores estabelecendo cláusulas compensatórias de modo a cobrir não só os gastos com estes, mas estabelecer lucro.

Surgiram atravessadores, que intermediavam as negociações e faturavam com isso. Outros, aproveitavam-se da brecha estabelecida e se apoderavam das marcas e produtos das organizações, controlando-os.

No meio desta nova realidade, um outro sujeito, que administrava a organização 'B' teve uma outra ideia e a levou ao seu conselho de acionistas:

- Ao invés de gastarmos recursos para contratar talentos já existentes, vamos investir na formação de nosso próprio quadro de talentosos colaboradores... Economizaremos com custos de contratação e, nossos colaboradores se sentirão mais valorizados e prestigiados evitando o êxodo! Exclamou frente ao conselho.

Em resposta, recebeu a aprovação para tocar o projeto e estabelecer um novo paradigma mercadológico.

Seus colaboradores sentiram-se motivados a engajar na nova proposta de valorização de pessoal, produzindo mais e melhor.

Tal movimento fez com que a organização 'B' ultrapassasse a organização 'A' e se tornasse a nova líder do mercado, ganhando prêmios e valorizando a sua marca.

A concorrência, mais uma vez, não ficou parada.

Frente ao novo paradigma, tratou de utilizar práticas semelhantes, o que acabaria por produzir uma nova geração de ainda mais talentosos indivíduos e o risco de perdê-los fez com que as organizações acrescentassem mais algumas cláusulas compensatórias sobre investimento feito na formação no contrato firmado com seus colaboradores.

Mesmo assim, concorrentes ofertavam propostas substanciosas, inflacionando os custos com pessoal. Aquelas organizações que haviam investido na formação de seus colaboradores tinham duas opções: ou  cobriam as ofertas, mantendo-os em seus quadros ou negociavam com a concorrência.

Observadores eram contratados e enviados para pesquisar e recrutar novos talentos em organizações menores ou em cidades mais afastadas. Outros, autônomos, faziam o inverso, saíam a caça destes e ofereciam as grandes organizações mediante pagamento.

Tamanho caos, desvirtuou de vez o mercado, não havia mais o foco no produto, no fim. O objetivo passara a ser a obtenção de receitas através da negociação dos direitos oriundos dos contratos celebrados com seus colaboradores, o que acabaria por levar a um desequilíbrio financeiro na maioria das organizações.

Embora participando do caótico mercado, a organização 'C' tinha na sua gestão, sujeitos que gostavam e procuravam pensar de um modo mais heterodoxo, fora do padrão e com uma visão mais distanciada e ampla sobre o todo.

Certo dia, este grupo de gestores propôs algo que iria de encontro a tudo que estava sendo praticado até então.

- Retornaremos ao nosso objetivo inicial. Disse um deles.

- Investiremos na nossa produção, sem deixar de manter um programa de formação e atualização continuada de nossos colaboradores, além de criarmos um plano de cargos, salários e bonificações que valorizem o talento produtivo. Falou um outro.

- E não vamos parar por aí... Iremos procurar diversificar nossas fontes de receitas, sendo significativamente agressivos comercialmente, controlando os processos, inovando e atuando de modo transparente, dentro de fortes valores éticos e morais. Completou um terceiro, enquanto discutiam o tema no conselho diretor.

- Tem mais... Vamos abrir mão dos lucros obtidos com a negociação dos direito oriundos dos contratos firmados com nossos colaboradores, caso algum de nossos colaboradores deseje ir para a concorrência. Finalizou o primeiro.

Estupefatos, os conselheiros demoraram a compreender.

- Como assim? Não vamos mais ganhar este dinheiro?

- Não, só iremos aceitar uma indenização pelo investimento feito na formação deste colaborador descontando o tempo de serviço prestado.

- Por outro lado, vamos assumir o nosso negócio e passaremos a explorar nossa marca de modo pragmático e contínuo, agregando um maior valor a nossos produtos e serviços, e controlando todo o processo: da pré-produção ao pós-venda...

- Poderemos, num primeiro momento, sofrer algum revés, mas temos a certeza, segundo algumas pesquisas realizadas, de que sairemos na frente e nos manteremos por algum tempo assim até que haja uma reação da concorrência.

Finalizada a explanação, houve a aprovação da proposta e deliberação para que fosse colocada em prática.

Então um novo paradigma se estabeleceu, onde o sentido original havia sido retomado só que recheado de uma robustez estratégica focada na diversificação de receitas através de um incentivo sistemático de práticas inovadoras.

...

Não devemos deixar de dar a devida atenção a uma ideia ou conceito só porque foge do convencional. Do mesmo modo, não devemos continuar fazendo as mesmas coisas sem saber sua razão só porque todos as fazem.

O melhor dos mundos é estar focado em seus objetivos sem se descuidar da visão de longo prazo, saindo da caixa, vez ou outra, para buscar um novo ângulo, uma nova perspectiva.

Sou radicalmente a favor de deixar de lado o lucro advindo das receitas provenientes de cláusulas compensatórias presentes em contratos especiais de trabalho esportivo pactuado entre entidades de prática esportiva e atletas profissionais.

Somente assim, entidades de prática esportiva passariam a valorizar uma carteira formada por várias fontes de receita, buscando explorá-las de modo contundente e saindo da fatídica roda do endividamento eterno.

Difícil crer, de acreditar que isto seja possível, mas é. Sei que é... E começo a ter uma ideia de como fazê-lo.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Um negócio chamado futebol

Com Neymar, receita do Santos triplica em três anos.

Este é o título da matéria publicada no Jornal Valor no dia 27/05/2013.

Em 2009 o Santos havia faturado R$ 70,4 milhões e após três anos com Neymar, sua receita teria chegado a R$ 197,84 milhões.

Só com receita de publicidade, houve um crescimento de 181% no período. Parte deste ganhos veio dos contratos de exploração da imagem entre o jogador e seus 13 patrocinadores.

Agora, o jogador se foi... E o clube acertou em negociar, pois seria ganhar um pouco mais ou nada.

Mas o modelo de negócio adotado no Caso Neymar pelo Santos demonstra que, cada vez mais, as entidades de prática esportiva devem investir em um eficiente departamento de marketing, incutir a idéia de que o jogo também deve ser vencido fora de campo e que estas vitórias trarão receitas significativas para tornar a equipe ainda mais competitiva dentro das quatro linhas.

Em um outro extremo encontramos David Beckham, pendurando suas chuteiras, mas nem por isso, deixando de explorar a sua imagem... Articulistas e jornalistas, divagam sobre qual será seu próximo passo: investir no mercado da moda masculina, continuar envolvido com o futebol de algum modo e beneficiar-se disto mantendo sua imagem associada a diversos produtos, financiar obras assistenciais e, atuar, quando quisesse, como modelo na grife de sua mulher deixando aberto o mercado para sua expansão... Não se sabe.

Verdade é que enquanto um continua sendo, o outro acaba de chegar e ainda tem um longo caminho pela frente.