Dizem que ser professor é vocação, eu digo que é maldição, pelo menos por aqui.
Desprezível é a profissão que ensina, ou ao menos tenta ensinar a pensar, a refletir e a agir.
Isso traz problemas, e muitos. Povo pensante, reflete frente à oferta e a sua realidade.
Pior, começa a tomar suas próprias decisões e a agir por conta própria.
Populistas, sejam políticos, sejam de entidades de classe ou de movimentos sociais, tremem diante tal possibilidade.
Por isso nos sobra, é eu também sou professor, o resto do resto do resto do resto.
Pesquisa da Unesco revela que os professores no Brasil recebem o terceiro pior salário no mundo, sendo que por aqui, é o pior salário entre profissionais de nível superior.
Isso quer dizer que, segundo a pesquisa, 60% dos professores na região nordeste recebem cerca de R$530,00. A média nacional dos docentes da educação básica é de R$927,00 mas a mediana é de R$720,00.
No Japão, professores formam um grupo social o qual até o seu imperador o reverencia.
Na Coréia do Sul, seu salário se aproxima ao dos ministros de estado.
Tigres e dragões asiáticos investiram em políticas educacionais onde a figura central e mais valorizada é a do professor.
Em cada país citado, existem professores orgulhosos por sua vocação.
Por lá, sê-lo não é maldição.
Já aqui, em nossas terras tupiniquins, nem mesmo entre os aborígenes locais, ser professor é valorizado.
São caçados e estão em extinção. Vê-los ou tê-los por perto é algo cada vez mais raro.
Esgotados por suas rotinas diárias entre dois, três, quatro empregos, por vezes, em três turnos, indo além das 44 horas/trabalho semanal.
Responsável por ensinar o conteúdo programático, avaliar, corrigir e educar uma maioria de alunos deseducados, sem nenhum valor moral ou ético, sem compromisso com a sua formação e sem a preocupação de seus familiares.
Haverá um dia que um professor receberá um dos salários mais altos do país.
Quando isto acontecer, serão alguns poucos sobreviventes por aí, na selva do sistema educacional.
E de tão raros, finalmente terão por suas cabeças, um alto prêmio.
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